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domingo, 4 de março de 2012

Dona de mim



E desde tenras mãos, forjei quem sou
Através da dor da tua forte ausência.
Gritando por olhos piedosos o medo
Silenciosa orando à Tua eloquência.
Buscando o perdão sempre ensinado
Para aqueles sem intenção de pecado
Daqueles que deviam amar e proteger
Conheci o desapego, o duro amanhecer
Dolorido e choroso que sempre se fazia
Nos cantos frios das paredes sombrias 
O mal que me consumia e me convertia
A pureza em cinismo, e como atriz vivi
Fomentei minha maturidade sem idade
No olhar sem entusiasmo pela vida 
Na conduta social esperada e contrita
No desejo de não ser notada primeiro
No desapego do que desde o começo 
Não era meu, nem de alguém, nem Seu
Aos 'ninguéns' que sufoquei no abismo
Do coração e que o déficit de memória
Ajudou a sepultar junto com o pensar
De que podia e devia ter sido diferente
E que eu não precisaria tanto chorar
Nem sangue desnecessário derramar
Mas o que tem sido foi o que acontecido
Me fez quem sou e que me pertenço
Com augúrios e amores esquecidos
Com dores e momentos vividos.