Stella Im Hultberg
Ele nasceu
devagar, galgando patamares com suavidade.
Expandiu-se
silencioso e transparente, fingindo não ser,
Acomodou-se
nas paredes de um órgão medroso,
Construiu
pilares com altruísmo e amizade e aguardou
Para, depois
de tudo pronto, receber predileção.
Organizou os
quadros tortos nas paredes. Esperou. Sentou.
Suspirou
esperançoso; “Aí vem!” Ficou calado para não assustar,
Compreendeu
para se doar, não quis exigir, para não espantar.
Ficou
comedido, desejando ser reconhecido. Foi menosprezado.
“Amar e não
ser amado?” Afinal, ele compreendeu que a alma que vinha
Assustada,
inflamada, perdida... De imediato não lhe corresponderia.
“Não amar e
não ser amado?” Olhou para o chão, tristonho.
O chão de
confetes da festa de boas vidas àquela alma.
Olhou para
os quadros bem dispostos nas paredes;
Molduras em
branco aguardando os grandes momentos.
Olhou para
os pilares e num deles se escorou e chorou silencioso,
Comedido, dolorido
e oprimido.
Ele era o
amor, não podia viver sem amar, mas ao que parecia,
Viveria sem
ser amado. Chorou resumido, amargurado, entrecortado,
E chorou
baixinho para não ser notado. Sempre comedido.