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sábado, 23 de março de 2013

Amor Comedido



Stella Im Hultberg
 
Ele nasceu devagar, galgando patamares com suavidade.
Expandiu-se silencioso e transparente, fingindo não ser,
Acomodou-se nas paredes de um órgão medroso,
Construiu pilares com altruísmo e amizade e aguardou
Para, depois de tudo pronto, receber predileção.

Organizou os quadros tortos nas paredes. Esperou. Sentou.
Suspirou esperançoso; “Aí vem!” Ficou calado para não assustar,
Compreendeu para se doar, não quis exigir, para não espantar.
Ficou comedido, desejando ser reconhecido. Foi menosprezado.

“Amar e não ser amado?” Afinal, ele compreendeu que a alma que vinha
Assustada, inflamada, perdida... De imediato não lhe corresponderia.

“Não amar e não ser amado?” Olhou para o chão, tristonho.
O chão de confetes da festa de boas vidas àquela alma.
Olhou para os quadros bem dispostos nas paredes;
Molduras em branco aguardando os grandes momentos.
Olhou para os pilares e num deles se escorou e chorou silencioso,
Comedido, dolorido e oprimido.

Ele era o amor, não podia viver sem amar, mas ao que parecia,
Viveria sem ser amado. Chorou resumido, amargurado, entrecortado,
E chorou baixinho para não ser notado. Sempre comedido.

domingo, 10 de março de 2013

Conclusão

http://artandghosts.squarespace.com/journal-old/broken-heart-pillow.html


Depois de tanto tempo, de longas conversas, depois do medo da reaproximação, depois dos esclarecimentos, chegamos a conclusão que sempre estamos em momentos opostos. É, você é a perfeita simetria, de tão perfeita é aquele dever ser que nunca vai ser alcançado. Sim, ficamos no passado e não há como no momento mantermos algo. Sei que também sou sua perfeita simetria, mas depois de tudo o abismo se fez mais profundo. Se faz necessário aceitar isso e vivermos cada uma por si.